sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

SAO FELIX, POR CARLOS MACIEL


Na cidade de São Felix, interior da Bahia, numa sexta-feira, do dia 21 de março de 1927, tudo transcorria na mais perfeita calma; lá fora, o sol estava quente, o relógio marcava três horas da tarde. Na casa de dona Julieta Barbosa, o clima era mais quente ainda. Todos esperavam o nascimento do seu primeiro e único bebê. Ele veio para a felicidade de todos e o nome escolhido foi Julio de Souza Barbosa, em homenagem as iniciais do nome do pai e da mãe. Menino sapeca, gostava de correr atrás de bola, dos bábas com os amigos, mas também era muito trabalhador e já aos 14 anos, para orgulho da família, já havia se tornado oficial de pedreiro. No seu tempo livre gostava de exercitar seus dotes artísticos. Na cidade, todos ficavam admirados com os trabalhos artísticos que aquele pirralho fazia. O barro, além de uso no trabalho, também servia para criar suas esculturas. A arte corria no seu sangue. Ainda menino, fez a sua primeira obra de arte com um sentido mais sério; uma fábrica alemã, instalada em São Félix, o convidou para criar uma arte para a sua fachada e Júlio criou uma espécie de garrafa que ficou lá por um longo tempo (a fábrica fechou, mas ainda existe fotos dessa arte no museu da cidade). Depois desse trabalho ele nunca mais parou, tudo que pegava era para ser transformado em algo artístico. Ao ser informado que seu pai estava morando em Itatinga, resolveu procurá-lo pois ainda não o conhecia e ele já estava com 17 anos, a ansiedade era muito grande, viajou e chegou na cidade. Para ele foi muito importante esse encontro, e assim passou a morar com seu Juvino Barbosa da Silva, seu pai. Logo se enturmou com os boleiros da época e como tinha suas habilidades futebolísticas, foi convocado para a seleção de Itatinga; o primeiro jogo foi contra a seleção da cidade de Palestina Bahiana. O técnico o escalou, a seleção venceu por 2 x 1 e São Félix (ele ganhou esse apelido, que lhe foi colocado pelos jogadores, numa referência a cidade que o mesmo havia nascido) marcou um dos gols da vitória. Como naquela época não se podia viver do futebol, ele continuou no seu ofício de pedreiro e nas horas vagas, labutava nas suas artes, sempre criando coisas novas. Até que ao completar 33 anos, resolveu abandonar a profissão antiga e partir para fazer o que ele realmente gostava - suas pinturas e esculturas; e com isso foi se tornando conhecido e admirado naquilo que fazia de melhor.
Suas mãos e dedos mágicos deixaram suas marcas na cidade de Itapetinga; são obras de São Felix, diversos monumentos artísticos no centro da cidade e em diversos bairros: as esculturas do Zoológico da Matinha; da Praça dos Pioneiros; do Tiro de Guerra; do estádio ACM; dos Orixás (com outro artista); da Praça Dairy Walley (também com outro artista); do museu(que antes estava localizado no centro de Itapetinga) e também em vários colégios da cidade. São Félix viveu até os 83 anos de idade, residindo por quase 47 anos no interior do Ginásio Agro Industrial, onde ainda existe sua casinha e várias obras de arte. Ele seguiu o destino que a vida lhe traçou. Talvez não tenha o seu trabalho reconhecido por aqueles que poderiam colocá-lo no lugar onde lhe é merecido, mas a arte não tem preço, e ele costumava sempre dizer essa frase que ele criou e que marca a sua vida: "Itapetinga, ainda que o destino nos separe! serei aquele que um dia te embelezou".

Carlos Maciel

*Itatinga- antigo nome de Itapetinga.
*Palestina Bahiana - hoje a cidade de Ibicaraí.

* texto modificado em 28/01/2011

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

sábado, 26 de setembro de 2009











Secretário de Educação observa as obras do artista São Felix.




São Félix e o Secretário de Educação da Bahia

Visita do Secretário de Educação do Estado da Bahia, Osvaldo Barreto ao Ginásio Agro Industrial. 25.09.09